segunda-feira, 30 de junho de 2008

Coisas da Vida?!

Brasília, quinta-feira, meio-dia. O trânsito caótico nessa cidade que possui uma frota de um milhão de veículos não é novidade e já não sensibiliza ninguém. Então, o que poderia mexer e dar mais humanidade à paisagem metalizada refletida nos pára-brisas? Um acidente? Certamente não.

Nesse mesmo dia um jovem é atropelado quando ia de bicicleta da Asa Sul ao Cruzeiro. Aos 22 anos, nunca tinha passado por tão desagradável experiência, mas não pôde fugir. Foi pego em cheio por um carro que não deu preferência ao veículo menor, sem colocar em prática as leis de trânsito, mas sim a lei do mais forte, nesse caso o carro sobre a bicicleta.

Caído e atordoado com a queda e por ter batido a cabeça, a única atenção que o jovem recebeu da senhora de mais ou menos 60 anos, autora do feito, foi a “mui atenciosa” pergunta: “tudo bem?”. Desnorteado e sem ter certeza da resposta, o jovem consentiu com a dolorida cabeça que sim.

E com o sentimento de missão cumprida e a consciência leve como um pudim de claras, a prodigiosa senhora entrou em seu carro e foi embora. Mas, quem chamou o SAMU? Quem anotou a placa do carro ou, pelo menos, quem ajudou o jovem a se levantar? Respondo. Ninguém.

E assim é o dia-a-dia de Brasília onde o bem estar, a integridade, a VIDA do próximo vale pouco, ou quase nada. E a pergunta que não quer calar é: quantos Pedro Davison mais terão que ser vítima para que as pessoas se sensibilizem? Uma pergunta sem resposta para uma questão sem solução.

E lá foi a senhora, dormir o sono dos justos, sem culpa, afinal, culpado foi o jovem rapaz por utilizar um meio de transporte não poluente, por não ter desmaiado ou se esvaído em sangue a ponto de chamar a atenção dos que passavam e, principalmente, por estar no lugar errado na hora errada. Coisas da vida. Será?!

O acidentado foi meu irmão, mas ele passa bem. Não posso dizer o mesmo da bicicleta...

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