sábado, 16 de agosto de 2008

Em defesa do que mesmo?

Essa semana recebi um Manifesto à Nação Em Defesa do Jornalismo, da Sociedade e da Democracia no Brasil, entregue pela FENAJ e pelo Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, no centro de Floripa. Claro que, não só por ser estudante de jornalismo, mas pelo tema ser a pauta da vez, estou por dentro dessa “discussão”.

Vamos aos fatos. As faculdades estão indóceis, enchendo a minha caixa de entrada com manifestos e chamados de luta para que essa “exigência da formação superior que é uma conquista histórica dos jornalistas e da sociedade” não seja perdida. Esse trecho retirado do Manifesto à Nação fala em conquista. Mas que conquista?

A exigência do diploma para exercer o jornalismo foi criada pelo Decreto-Lei 972/69, durante a ditadura militar e pelos militares, época em que as únicas conquistas eram Copas do Mundo e concessões para TV. Até então, não existia a obrigatoriedade de cursar faculdade de jornalismo para ser registrado na profissão. O que não significa dizer que o jornalismo brasileiro era feito de forma tendenciosa. Pelo contrário. Creio que a necessidade do diploma não assegura a integridade e a ética do jornalista.

E vamos a outro aspecto: o das faculdades particulares. Ora, se a obrigatoriedade de diploma para exercer a profissão cair, o que serão dos, aproximadamente, 500 cursos espalhados pelo país?

Mais um fato: muitos repórteres não possuem o diploma e estão por toda parte, em todos os canais, apresentando matérias e fazendo reportagens. Tenho vários colegas para usar como exemplo, profissionais atuantes cursando a terceira ou sétima fase do curso de jornalismo. São os profissionais que possuem o chamado registro precário (que pode ser solicitado na Delegacia Regional do Trabalho). Não sei se isso os qualifica ou desqualifica. Também não tenho conhecimento se esses profissionais ganham mais ou menos que o super piso salarial que, em Santa Catarina, é de R$ 1.123,07. Mas esse seria um bom tema para debate.

Tuffani no blog Laudas Críticas exemplificou bem com um trecho do livro A Deontologia das Mídias, de Claude-Jean Bertrand: “A excepcionalidade de que goza o jornalismo, dentre as instituições democráticas, consiste em que seu poder não repousa num contrato social, numa delegação do povo por eleição ou por nomeação com diploma ou por voto de uma lei impondo normas. Para manter seu prestígio, e sua independência, a mídia precisa compenetrar-se de sua responsabilidade primordial: servir bem à população.”

E será que a mídia brasileira tem essa preocupação?


Charge retirada de

Um comentário:

MMMarcelo disse...

Quanta previsão, Lyana! Uma postagem de agosto de 2008, mas o lance está bem atual nas tantas hipocrisias que cercam essa tal crise do diploma de jornalismo.
Você deve ter visto a "charge que atirei no ventilador" e fedeu pelos 4 cantos da nossa facu, né?
Abração, colega!